Point of View: A relevância do Episódio I dentro das prequels

galactic-senate-1_0be9c0a6
Agosto é o mês das prequels na União Star Wars (USW)! Sendo assim, começo aqui uma série de artigos que homenageiam as prequels de Star Wars (episódios I a III). Em mais um artigo da série point of view, onde expresso A MINHA OPINIÃO, sobre assuntos relacionados a nossa amada saga.

Na manhã do dia 4 de novembro de 1994, um pai, um homem de família, ninguém menos que o cineasta mais bem sucedido da América: senhor George Lucas, levava seus filhos para a escola e se preparava para mais um dia de trabalho. Sem dúvida, milhares de outros pais faziam o mesmo. Contudo, o que torna essa situação única e especial foi que naquele mesmo dia seriam escritos as primeiras páginas do roteiro de Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma. O início dos prólogos de Guerra nas Estrelas, prometido desde os lançamentos dos filmes que compõem a trilogia original e aguardado com muitas expectativas pelos fãs.

fanboys-movie-phantom-menace-premiere-kristen-bell

No início tudo são flores, depois…

Quando começaram a rever o filme mais de uma vez, começaram a perceber os problemas, principalmente no que se refere a um certo Gungan estabanado, mas não estou aqui para apontar os famigerados defeitos do filme, até porque gosto muito do filme e respeito a opinião de quem não goste. Mas o que mais me incomoda, embora não tanto, são fãs que querem simplesmente excluir, arbitrariamente, o EP. I da cronologia, criando outras ordens de ver os filmes. Nada contra. Qualquer um assiste na maneira que bem entender, mas não acho que a exclusão de um dos capítulos da saga seja algo sensato. Vamos aos pontos, onde acredito que está a relevância de A Ameaça Fantasma dentro dos vários âmbitos que a saga aborda:

Entre disputas comerciais e joguetes políticos, dois cavaleiros jedi encontram um garoto chamado Anakin. O Episódio I é narrado sob a ótica dos jedi, a exemplo do EP. IV que é na visão dos dróides R2 e 3PO.

Entre disputas comerciais e joguetes políticos, dois cavaleiros jedi encontram um garoto chamado Anakin. O Episódio I é narrado sob a ótica dos jedi, a exemplo do EP. IV que é na visão dos dróides R2 e 3PO.

Os temas e dramas humanos

A saga Star Wars é muita rica nesse quesito. Talvez, por isso desperte esse fascínio em tanta gente. Não são apenas histórias de guerras no espaço, mas temas bem humanos permeiam os sete filmes da franquia, e, obviamente, o episódio I não foge a regra. Certa vez, vi uma versão editada por fã que mostrava os três filmes das prequels como um só e o dividia em três temas: Medo, Raiva e Ódio, como se fossem capítulos ou atos de um único filme. Achei interessante como um exercício de narrativa. Mas se você reparar bem, de fato, esses temas estão presentes nos filmes dirigidos por George Lucas. O medo é um tema bem presente no episódio I, bem como o enfrentamento desse. Anakin, por exemplo, teme perder a mãe. Tal sentimento é sentido pelos jedi quando o garoto é apresentado ao conselho. Yoda adverte o menino de que o medo é um caminho para o lado negro da Força. Padmé, sendo a rainha de Naboo, teme pelo sofrimento do seu povo. Por isso, em dado momento, ela recorre ao Senado, mas ao ver que só enfrentando a Federação ela teria uma melhor chance de salvar seu povo, se aliando aos Gungans, ela resolve voltar ao seu planeta e fazer o que é certo, mesmo sendo o caminho mais difícil. Os neimoidianos da Federação do Comércio serviam, mas também temiam bastante o Lorde Sith a quem serviam. E por fim, Obi-Wan enfrentou seu medo e mesmo diante da morte do mestre conseguiu derrotar Darth Maul. Outro tema bem recorrente nas prequels, que começa aqui no EP. I, é a compaixão na forma de altruísmo. Graças ao altruísmo de Anakin, Padmé e os Jedi conseguiram as peças necessárias de sua nave para saírem de Tatooine. Qui-Gon também teve compaixão do pobre escravo e sentiu que aquela criança merecia uma vida mais digna. Ele até tenta salvar a mãe dele, mas não foi possível. É graças a esse sentimento que Qui-gon consegue voltar do reino espiritual da Força. Saiba mais aqui: O poder de Qui-Gon Jinn!

A dor da partida seria apenas mais um passo em direção ao lado negro da força

A dor da partida seria apenas mais um passo em direção ao lado negro da força

As maquinações políticas. O início do fim da República

O filme que dá início aos prólogos de Star Wars foi muito criticado por trazer um enfoque político mais exacerbado que confundiu a cabeça de muita gente. Concordo de que como feito no filme, talvez traga desconforto pra quem não curta política. Mas foi algo fundamental a ser mostrado! A intenção de Lucas com as prequels era mostrar como uma democracia se torna uma ditadura ao mesmo tempo em que como uma pessoa boa e altruísta se torna má e egoísta. São temas complexos que não podem ser apresentados de maneira simplista. Na trilogia clássica, existe um hiato de 19 anos entre as trilogias. A política já está estabelecida porque o Império já domina a Galáxia. Então vemos a luta de um pequeno e destemido grupo de rebeldes lutando para devolver a liberdade. Os temas são outros. A questão das taxações das rotas comerciais podem ser chatas, mas basicamente o que é mostrado ali é como o lorde Sith transformará a República em Império a partir da corrupção, medo e ganância dos senadores. Tem um podcast muito bom, que tratou de modo bem interessante essas questões políticas de A Ameaça Fantasma: DATACRON #01 – A Ameaça Fantasma Recomendo bastante esse podcast, onde os participantes de maneira despojada e descontraída explicam as questões das taxas comerciais, tirando muitas dúvidas! Ouçam, lá!!!

De Senador a Imperador da Galáxia. Umas das coisas mais interessantes das prequels é vermos a ascensão do verdadeiro vilão da saga

De Senador a Imperador da Galáxia. Umas das coisas mais interessantes das prequels é vermos a ascensão do verdadeiro vilão da saga

Anakin já era um bom piloto, mas não de corrida!?

Uma das coisas que as pessoas mais implicam, além é claro das midi chlorians, que é de longe a coisa mais execrável das prequels, é Anakin ter sido apresentado como um piloto de corrida ao invés de um piloto de cargueiro. “A corrida de pods não passa de gordura pra vender brinquedos e jogos de vídeo game como star wars race.” É o que sempre diz um amigo meu durante nossas acaloradas discussões sobre Star Wars. Penso que Anakin piloto de corrida nada mais é do que um reflexo de umas das paixões de George Lucas: Carros e velocidade! George quase morreu em sua juventude ao ser vítima de um acidente de carro. Esse ocorrido, quase trágico, o fez repensar sua vida e profissão. Mas sua paixão por carros não morreu. Nos primeiros rascunhos de Star Wars vemos vários termos automobilísticos. Ao explicar o filme para os produtores e desenvolvedores dos efeitos especiais, George imaginou as naves como sendo usadas pelas pessoas naquele universo como carros. Nada mais natural do que homenagear essa paixão com uma cena de corrida no filme. Um exemplo de cinema, que gosto sempre de usar nessa discussão é cena de horror do diretor Sam Raimi, em Homem Aranha 2. Raimi fez fama com os filmes da série Evil Dead e é, claramente, um amante de filmes de terror/horror. Tanto é que em uma cena de Homem Aranha 2, temos uma clara homenagem a esse gênero de filmes:

A visão de um artista X a expectativa dos fãs

 

lucas mind

Uma das maiores razões do desconforto com o episódio I e as prequels de um modo geral foi o grande hiato entre O Retorno de Jedi (1983) e A Ameaça Fantasma (1999) que fizeram com que em todos esses anos os fãs imaginassem os prólogos em suas cabeças. Os seus próprios prólogos. E a expectativa de fato pode ser uma faca de dois gumes. George Lucas colocou em tela o que achava que devia ser. Os temas que devia abordar, os mistérios e tramas que deveria explicar ou deixar subentendido. Foi a visão artística dele. Por isso a Disney, a nova dona da saga, jamais excluirá as prequels do cânone. Acho bem válido não gostarem e criticarem as prequels, desde que com argumentos e sempre respeitando a opinião de quem gosta, porque dizer apenas que as prequels são filmes MERDAS, É MUITO VAGO.