Ciência de Star Wars: Dark Side! A psicologia mostra que pode haver um Darth Vader dentro de nós. Saiba como.
A saga star wars, está repleta de vilões marcantes, mas com certeza, os mais interessantes são aqueles que estão cheios de conflitos humanos! Como o nosso querido Vader e o seu neto recém apresentado nas telas no episódio VII: Kylo Ren. Nesse artigo você verá estudos e teses de psicologia que demonstram que a maldade humana pode ser uma questão de escolha, química, ambiental, inata ou mesmo externa. Assim, veja que os principais vilões da aclamada space opera são mais complexos e humanos do que você imagina.
O que levou Anakin Skywalker ao Lado Negro da Força?
“Foi sua raiva e cobiça de poder que fizeram isso!” como bem disse Obi Wan ao discípulo que havia se virado para o mal. Na verdade, a trilogia prequel mostra toda uma trajetória para a tal queda do virtuoso Jedi. E lá também vimos que as escolhas, bem como as ações maléficas de Anakin, tinham como principal objetivo salvar seus entes mais queridos! Porém, o preço para isso foi alto! E claro, como vimos, houveram consequências desses atos. Contudo também houveram fatores EXTERNOS, que fizeram o jovem Jedi se desvirtuar. O principal deles, certamente, foi a figura influenciadora do Chanceler Palpatine. O lorde sombrio de Sith prometeu mundos e fundos a Skywalker, mas em troca ele teria que matar e trair seus irmãos Jedi para se tornar poderoso o bastante no lado negro e, assim, salvar sua esposa. Ou seja, Anakin cumpriu até mesmo ordens de um superior, no caso o Supremo Chanceler, para justificar seus atos violentos! Um paralelo com a nossa própria história nos remete a traumática experiência do holocausto. Sem dúvida foi um estímulo poderoso para as pesquisas sobre o lado destrutivo do ser humano. Terminada a guerra, muitos dos carrascos nazistas se justificaram dizendo que estavam cumprindo ordens, caso desobedecessem seriam mortos. Voltando ao paralelo com Star Wars, segundo Palpatine, os Jedi eram agora “inimigos da república” e precisavam ser eliminados. Todas essas ações e justificativas, tanto de Anakin Skywalker como de Palpatine, são analisadas principalmente através da Psicologia. Pois, segundo o psicólogo Arthur Miller da Universidade Miami, organizador do livro “The social psychology of Good and Evil” explica que existe uma minoria de indivíduos psicopatas destrutivos no mais alto grau e cujo o comportamento não revela empatia ou compaixão. No entanto, também existem pessoas normais que podem causar grandes danos, se influenciadas por OUTRAS PESSOAS e por CERTAS circunstâncias.
O experimento da obediência de Milgram:
1- Um voluntário se apresentava para participar do experimento, sem saber que seria avaliado em sua capacidade de obedecer a ordens. Era colocado no comando de uma falsa máquina de infligir choques.
2- A máquina estava conectada ao corpo de um homem mais velho e afável que era submetido a uma entrevista numa sala ao lado. O voluntário podia ver o homem mais velho, mas não era visto por ele.
3- O voluntário era instruído por um PSICÓLOGO a acionar a máquina de choques toda vez que o velho errava a resposta. Cada choque era supostamente 15 volts maior do que o anterior.
4- À medida que a intensidade dos choques aumentava o velho se queixava de mais dor. Mesmo vendo seu sofrimento, a maior parte dos voluntários continuava obedecendo ás ordens e infligindo choques cada vez maiores. A intensidade máxima, 450 v, significaria hipoteticamente matar o velho. 65% das pessoas obedeceram ás ordens até o fim e deram o choque pretensamente fatal.
A MALDADE E A ARTE: entenda o fascínio das pessoas por Darth Vader!
É notório que hoje em dia haja todo um fascínio pela temível e trágica figura icônica de Darth Vader. Mas, muito disso se deve ao seu visual! Pois duas cenas ou mais do personagem em Rogue One (E QUE CENAS!) foi o bastante para causar estardalhaços! Para entender melhor essa admiração, o diretor teatral e psicólogo social carioca Bernado Jablonsky (1952-2011), dizia que “a chave está em nossos conflitos pessoais. A arte é um espelho mágico que reflete o mundo e propõe soluções.” No caso da Saga Star Wars, muitos elementos fortes na psique humana, como: relações de poder, relacionamentos entre pais e filhos e a luta entre o bem e o mal, são nada mais do que projeções dos nossos desejos mais profundos. Já na visão contemporânea da psicologia social, somos tanto bons como maus. “Sou capaz de ajudar uma velhinha a atravessar a rua, mas se alguém molestar o meu filho, eu mato.” Sem querer diminuir as religiões, Deus e o diabo somos nós. “A dualidade dos Jedi/Sith também é a nossa,” explicou o psicólogo social para um artigo da Revista Galileu em maio de 2005.
O Imperador Palpatine nasceu mal?
“Eu o vejo maligno desde o nascimento”.
(O ator Ian Mcdiarmid sobre Palpatine na Star Wars Celebration de 2005)
Responsável pela conversão de Anakin Skywalker ao lado negro da Força, o Imperador é a personificação da corrupção pelo poder. “Ele é o diabo,” como dito pelo criador da Saga, George Lucas, nos comentários do DVD do Episódio III. Para o psiquiatra americano Michael Stone, conhecido por estudar 498 pessoas consideradas personificação do mal, como: Hitler, Pol Pot, Stalin e seriais killers como: Charles Manson e Andrei Chicatilo o famoso assassino canibal. Segundo Stone, “no caso dos tiranos, a maior parte foi espancada e negligenciada em casa. O mal que fizeram foi uma ‘vingança’ à crueldade a que foram expostos”. Mas há outras causas. “O ambiente não explica tudo. O irmão de Hitler também era espancado, mas nunca cometeu um crime”. Revela Stone “muitos seriais killers vêm de famílias normais, são raros, mas existem.”
O patricídio cometido por Ben, o que diz a psicóloga
Entre as explicações mais controversas sobre os motivos que levam alguém a matar seus familiares está a defendida por um dos braços da biologia evolutiva, que estuda a influência da genética no comportamento dos seres humanos e animais. A teoria do “gene egoísta” foi apresentada pelo biólogo queniano Richard Dawkins, em 1976, e classifica o ser humano como uma máquina de sobrevivência operada por genes que não medem esforços para se perpetuar ao longo das futuras gerações. O patricídio é visto pela psicologia como um ato de libertação de uma longa história de opressão e abusos por parte de quem comete o crime. Pessoas que matam seus pais, ou qualquer outra figura cuidadora, necessariamente sofreram agressões físicas, psicológicas ou sexuais de quem lhes devia dar amor, por isso, quando se tornam adultas, se sentem autorizadas a acabar com o sofrimento da forma mais radical possível. No caso de filicidas, a explicação pode ser outra, como o desejo de vingança por parte do cônjuge que atinge o outro através da morte dos filhos. No caso de Ben, podemos aplicar o conceito de “fatores externos”, como visto acima no caso de Anakin Skywalker, certamente, o Supremo Líder Snoke foi o principal influenciador para o terrível ato de Ben, somado a admiração doentia e distorcida do avô Darth Vader. Ben via o pai Han Solo como uma figura repressora, ausente e que o tornava fraco. Era o único empecilho de completar o treinamento e o tornar uma figura tão importante quanto fora o avô. A despeito do que teoricamente Luke Skywalker, seu tio, o oferecia como um Jedi.
A maldade é uma questão de consciência?
Para o filósofo Denis Rosenfield, autor de “Retratos do Mal,” a origem dos atos destrutivos não seria o ambiente, a história de vida ou mesmo a biologia, mas a consciência! “Dizer que o mal é uma doença é uma recusa a pensar. O ser humano sempre pode dizer não a certas ações e sim a outras, mesmo que tenha um lado corrupto dentro dele, o mal é uma questão de escolha”. O que faz muito sentido dentro da mitologia e moral da Saga Star Wars. Afinal, até Darth Vader deixou de ser mal um dia.
FONTE: Revista Galileu número 166. Maio de 2005.