Han Solo: Uma “mediana” aventura Star Wars

ATENÇÃO! ESSE ARTIGO, QUE NÃO É CRÍTICA DE CINEMA E SIM, UMA MERA OPINIÃO DE FÃ, CONTEM SPOILERS.

Quando George Lucas disse que faria uma trilogia sobre a ascensão e queda de Anakin Skywalker e como ele finalmente se tornaria Darth Vader lá em meados de 1994, abriu-se o precedente de que era possível explorar o passado daquela galáxia muito distante e seus personagens.

Anos mais tarde, o único bem sucedido projeto dessa empreitada pós-compra da Disney ao explorar as origens do personagens de Star Wars, foi Rogue One, em 2016. Explicar como se deu a falha da primeira Estrela da Morte e mostrar, em tela, como foi a batalha para conseguir os planos dos dados técnicos da arma final do Império, é a mesma desculpa/pretexto pra explorar o passado de qualquer personagem clássico da saga.

O importante é o filme ser bom.

Ao meu ver, contar como Han Solo conheceu Chewbacca e como conseguiu a Millenium Falcon tem tanto potencial quanto a premissa principal de Rogue One.

Han Solo é um dos personagens mais queridos da trilogia clássica e parecia promissor deixar um filme desses a cargo do roteirista Lawrence Kasdan. Ele escreveu as melhores falas da primeira trilogia, bem como assinou o roteiro aclamado de Império Contra-Ataca e tem em Solo seu personagem favorito. Ele também colaborou com J.J Abrams em O Despertar da Força (2015) e nesse Spin-Off de Han Solo trabalhou junto com seu filho, Jonathan Kasdan (O Apanhador de Sonhos, 2003).

Já é sabido que houve troca de diretores durante a produção. Chris Miller e Phil Lord (Uma Aventura Lego) saíram do projeto dando lugar a Ron Howard (Rush), um diretor que é, no mínimo, competente. O filme retrata bem o quão certos locais da galáxia podem ser terríveis. Corellia, lar de Han Solo, é um deles. No primeiro ato, vemos o protagonista usando de suas perícias e artimanhas para sair do planeta oprimido junto a sua parceira Qi’ra (Emilia Clark). Contudo, as coisas não saem como esperado e Han acaba tendo que se virar sozinho. Inclusive, esse é um dos temas que perdurará a vida do futuro contrabandista que mais tarde se aliará a causa rebelde. É preciso improvisar e não confiar em ninguém. Na fala “Se considerar que todos vão traí-lo, nunca vai se decepcionar”, temos uma das lições que ele aprenderá nesse filme de origem, através de sua ligação com o mercenário Tobias Becktt, vivido por Woody Harrelson, uma das mais acertadas escalações para o elenco.

Como esperado, vemos como Han conheceu Chewie, formando a parceria mais proeminente da saga. A sacada de colocar Chewbacca como uma ameaça que irá, literalmente, “devorar” o jovem piloto foi engraçada e ao mesmo tempo tensa. O resultado é excelente! E graças ao seu entendimento da língua wookiee é que Solo escapa por pouco de não virar comida e, de quebra, ganha um parceiro pro resto da vida.

As cenas de ação com navesk bem como a esperada cena do percurso de Kessel, também são fantásticas. Em meio a isso, vemos muitos fanservices, principalmente relacionados com o Império Contra-Ataca. Inclusive na atuação de Alden Ehrenreich, um ponto temeroso entre os fãs, devido aos rumores e o receio do ator não conseguir em sua interpretação o mesmo carisma que era próprio do ator original, o grande Harrison Ford. Em minha opinião, Alden mandou muito bem. Além de não cometer o erro de tentar imitar Ford, trouxe algo seu, mesclado aos trejeitos e maneirismos do personagem.

Outro personagem de destaque, que me parece que será algo recorrente nos spin-offs da saga, é a introdução da novo dróide da vez. Nesse longa temos a L3, pertencente a Lando Calrissian, e que rouba a cena igualmente a K-2SO em Rogue One, porém, com destino um pouco menos trágico, mas meio forçado. Forçado também foram certos fanservices e explicações desnecessárias. Como a origem do sobrenome “SOLO”. Outro ponto negativo é o ritmo moroso da narrativa, com cenas de ação com blaster que empolgam muito pouco, exceto no duelo final com o vilão Dryden Vos (Paul Bettany).

Cenas com humor pouco inspirado e um Lando Calrissian (Donald Glover) pouco explorado, com participação bem comedida, ele está no filme mais para perder sua nave para o protagonista de forma inorgânica do que de fato ter uma relevância plausível, como uma pessoa do passado de Han como Tobias Beckett, por exemplo, mas que mais tarde se tornaria seu aliado. No entanto, o fato de vários personagens, ora serem aliados, ora serem vilões, é outra das grandes sacadas bem-feitas para um filme de piratas espaciais. Inclusive um certo vilão aclamadíssimo entre o fandom dá as caras! E foi uma grata surpresa revê-lo nas telas de cinema. E não. Não é Vader! Diferentemente da tão esperada participação de Calrissian, onde suas cenas de ação tanto com blasters quanto como piloto são fracas. O pior é que sua saída da trama foi bastante abrupta.

Q’ira, em contra partida, tem um arco bem desenvolvido, somado ao carisma da atriz que finalmente acerta no tom da personagem, a despeito de sua Sarah Connor em Terminator Genesys de 2015. Em Solo, temos uma personagem importante e com ótimos pontos de virada. Ademais, Han Solo Uma História Star Wars, prometia e merecia uma aventura bacana que não necessariamente deveria ser algo épico demais como seu antecessor na qualidade de spin off e/ou os episódios primordiais da saga.

O grande salafrário galáctico, que já foi pirata, rebelde e pai, e no processo já foi traído, congelado e morto por um sabre de luz, tinha histórias, digamos, mais “inspiradas” a serem contadas. Mas essa é a que temos. Acho que vale embarcar em uma Millenium Falcon nova e asseada e curtir uma aventura escapista de um ícone de filmes de cowboys do espaço.

Nota: Padawan.