Point Of View: Antes do fim, precisamos falar de Os Últimos Jedi outra vez

Dezembro está aí e com ele o último filme da trilogia Disney. O fim da saga da família Skywalker. O fim de uma era iniciada em 1977. Mas antes de nos emocionarmos com a conclusão de um ciclo (pelo menos por enquanto) vamos revisitar alguns pontos do polêmico Star Wars EP. VIII Os Últimos Jedi, o filme que pavimentou o caminho para A Ascensão Skywalker.

Ao longo dos anos o tema abrangente dos filmes de Star Wars tem sido apenas um só: “O garoto escolhido destinado a grandes coisas e um pequeno grupo de heróis salvando sozinho o mundo ao realizar uma missão suicida ousada e impossível.”

São produções com um público alvo muito claro: meninos (e homens adultos que querem ser crianças novamente por 2 horas). Os filmes apresentavam personagens confortavelmente clichês, enredos previsíveis, facções de bem contra o mal, muitos efeitos visuais (de acordo com cada época de seu lançamento).

E foi assim com as duas trilogia sob a batuta de George Lucas de 1977 a 2005.

No ano de 2012, a Disney se torna dona da propriedade intelectual e, em 2015, lança seu primeiro episódio sem o controle criativo do então criador da saga. O Despertar da Força veio como um teste para as novas audiências, introduzindo uma protagonista feminina, apresentando um protagonista negro e um pouco de bromance acontecendo. Embora tenha havido alguma reação contrária, o filme foi bem sucedido tanto em crítica quanto em bilheterias.

Chegamos em 2017, ano do lançamento da sequencia do Episódio VII, a Lucasfilm resolveu tentar algo completamente diferente. Os Últimos Jedi, dirigido por Rian Johnson, preza por subverter clichês e destinos previsíveis para os personagens novos e clássicos bem como os antagonistas. E o tema abrangente do filme não é “o escolhido e seus amigos heróis salvam o dia” ou “o bem triunfa sobre o mal”, mas sim “fracasso e esperança”. Todos os personagens do filme cometem algum tipo de erro, e todos aprenderam algo e crescem por causa de seus erros. O episódio VIII divide opiniões por quebrar pontos essências dos seis (1977 a 2005) filmes anteriores.

Ponto 1 – Quebrando o clichê do escolhido

Os filmes com o envolvimento de George Lucas falam de um escolhido da Força que irá fazer a diferença. Já no episódio 8, a mensagem é que “Ninguém é escolhido pelo destino”.

Os pais de Rey não são famosos ou misteriosos. Eles realmente são uns João e Maria ninguém (usei nomes populares sem intenção de ofender, deixo claro), sucateiros horríveis que venderam sua filha como escrava. Esse é o ponto para subverter todas as teorias dos fãs. Teorizar é bacana, mas Rey se torna um personagem tão melhor ao realmente sair do nada, ser destinada a nada e escolher ser um heroína que luta pelo bem e pela justiça por sua própria ESCOLHA! Que na minha opinião a torna mais complexa que seus antecessores.

Já Luke Skywalker…

Aqui foi o maior ponto de cisão. Luke no oitavo episódio não é o mentor sábio que precisa morrer para que Rey cresça. Ele não é Obi-Wan que diz e faz coisas sábias, indicando um caminho para onde ir e seguir. Luke teve momentos de fraqueza, cometeu erros, ficou desiludido e quase desistiu. Ele está velho e cansado, mas ainda assim, no final do filme – e de sua vida mundana – se levantou mais uma vez quando a galáxia precisava dele. Esse Luke mais velho e derrotado é muito mais humano e amadurecido do que o jovem tolo e idealista que salva o dia destruindo a Estrela da Morte. Vencer Darth Sidious, seu império e trazer seu pai de volta a luz o deixou vaidoso e cego. Tal com os antigos Jedi.

A atuação de Mark Hamill nesse filme é simplesmente excelente.

Através das falas do próprio Luke Skywalker, o filme faz a crítica mais importante para todo o mito Jedi. Algo que vemos como uma das camadas da trilogia prequel sobre eles não serem tão mocinhos assim.

A ordem tinha o monopólio da Força mas, na verdade, não eram os donos da força!

Ponto 2 – Quebrando o chefão dos mocinhos e dos vilões

O almirante, a liderança do grupo dos heróis, parte de uma mulher que acabou realmente sabendo o que estava fazendo. A almirante Holdo se sacrifica pelo bem maior em uma das cenas mais bem feitas do filme tanto em imagem quanto em som.

O (percebido) “grande chefe ruim” morre no meio do filme para dar lugar ao verdadeiro vilão, que finalmente tem a chance de crescer como tal.

Ponto 3 – Esse não é meu herói! Quebrando o protagonista e antagonista

Além da máscara de Kylo Ren, muitas outras coisas foram quebradas aqui. Comecemos com o mercenário pragmático (aquele do cassino). Ele não volta para salvar o dia porque, de alguma forma, de repente sua consciência não foi tocada porque passou algumas horas com algumas pessoas aleatórias (Finn e Rose). Nem todo mundo pode ser Han Solo.

Assim como nem todo usuário do lado negro pode mudar para luz como foi com Anakin Skywalker. Rey pensou que poderia trazer Ben Solo de volta. Sua cara e a da plateia vendo o filme em 2017 ficou pasmada quando este matou Snoke para salvá-la: “Ele pode mudar de lado!”

Só que não. Ben NÃO pode mudar de lado por alguma conexão afetiva ou familiar (pai, mãe ou tio). Não podem mudar sua cabeça. Ben Solo foi para o lado negro porque se sentiu traído pela luz e não por ter sido atraído através da cobiça de grande poder que o lado negro oferecia – mesmo que por uma causa de vida ou morte, como foi com seu avô, Anakin Skywalker.

Ver seu tio tentando matá-lo foi a gota d’água! E até Luke explicar que focinho de porco não é tomada…

Normalmente, o que as pessoas parecem sentir falta é de Luke não ter percebido que Ben já estava perdido. Ele estava tão longe que, para Luke parar o que estava por vir, ele teria que matar Ben. Foi assim que viu as coisas ao enxergar “aquela escuridão crescendo” ainda latente dentro dele (Ben).

Luke, que derrubou o submundo do crime, derrubou o Império, derrotou os Sith e transformou um homem que havia sido perdido por décadas de volta à luz, não poderia salvar seu sobrinho. Snoke colocou Ben debaixo do nariz e, sem matá-lo, Luke não poderia ter salvado Ben da escuridão.

Luke deve ter tido muito orgulho de sua fé em salvar Anakin Skywalker e redimi-lo. Grande parte da lenda que surgira do ÚLTIMO JEDI era sua capacidade de fazer até o mais maligno dos seres ver a luz e o erro de seus caminhos. A própria ideia de que ele não poderia fazer isso com nenhum membro de sua família teria sido tão fundamentalmente contrária aos seus valores centrais e sistema de crenças.

Por que Luke fugiu e se escondeu?

Porque Luke percebeu, assim como Obi-Wan antes dele, que tinha perdido seu aluno. E a única maneira de se envolver para detê-lo seria matar um próprio membro da família, e ele jamais faria isso com o filho de Han e Leia.

Então, foi por isso que O ÚLTIMO E GRANDE MESTRE JEDI – depois de umas varadas na cabeça do antigo mestre – resolve lutar com o sobrinho através de uma projeção, tão somente para atrasa-lo enquanto a luz de uma nova geração poderá, de fato, fazer alguma coisa. A conexão entre Kylo e Rey pode ser a chave para redenção ou derrocada final de Ben Solo. Por isso Luke sentiu que cumpriu sua missão e se tornou UM com a Força. Assim com Obi-Wan na Estrela da Morte. Assim como Yoda em Dagobah.

E esse foi mais um point of view sobre esse polêmico filme que é o THE LAST JEDI que, por sinal, eu GOSTO bastante. E vocês o que acham? Rian Johnson foi infeliz por “deturpar” algumas coisas ou foi genial?

Deixe nos comentários! MAY THE FORCE BE WITH YOU.