Aventura? Ficção científica? Novela espacial?

Afinal qual é o gênero de Star Wars?

Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante… STAR WARS se tornou umas das maiores sagas do cinema. Um mito. Uma revolução cultural, embora algumas pessoas nunca sequer tenham visto algum filme da epopeia da família Skywalker, ou simplesmente não gostaram de nenhum, ainda que consigam identificar algum símbolo da cine série. O fato é, que além disso, existe uma certa dificuldade em classificar o gênero dos filmes elaborados por George Lucas… Afinal é uma aventura épica, ficção científica ou space opera?

A dúvida também recai sobre fãs. Seja de ficção científica, enquanto gênero, que acham que a saga criada por George Lucas se encaixa sim, nessa vertente. Outros a abominam evidenciando seu caráter de novelão mexicano, ao passo de alguns que a veem como pura e simplesmente “Fantasia”.

A discussão não tem fim e não será o objetivo desse artigo trazer uma resposta, mas sim explanar pontos. Ao final, decida você mesmo em qual gênero Star Wars melhor se encaixa. Vamos aos pontos:

Ficção Científica? Space Opera?

Para o renomado escritor Isaac Asimov, escritor de livros como Eu, robô; Fundação e O Homem Bicentenário:

Ficção Científica pode ser definida como ramo da literatura que lida com as reações do seres humanos a mudanças na tecnologia e ciência.

Então, podemos dizer que obras que se classificam e/ou se enquadram nesse gênero, na maioria dos casos, usam conceitos da própria ciência e tecnologia real para “explicar” a ficção dentro daquela trama/premissa. Ou seja, tudo aquilo que é fantástico mostrado no livro, filme ou série precisa ter alguma lógica que faça sentido para o expectador – mesmo este sendo leigo no assunto, obviamente.

Em Jornada nas Estrelas – hoje Star Trek – os cristais de dilítio, um mineral cristalino, gera um plasma que serve como uma fonte de energia para o motor de dobra que permitem as naves estelares viajar mais rápido do que a luz. O utilitário do dilítio foi criado em Star Trek: The Next Generation.

As tramas envolvendo ciência, tecnologia e antropologia são desenvolvidas de forma “pseudo-realistas” a cada filme ou episódio da obra criada por Gene Roddenberry; que definiu sua série para os produtores nos idos anos 1960 como “Uma séries com cowboys no espaço…”

Já Star Wars, os personagens também se utilizam de naves espaciais para suas viagens interplanetárias através do “salto no hiperespaço,” basicamente como a “dobra” de Star Trek. Isso não seria um conceito cientifico? Segundo George Lucas, o criador de Star Wars, sua obra passa meio longe dessa tal “pseudo-ciência” muito vista nas aventuras espacias do capitão Kirk. Porém, existem certas similaridades quando o assunto é espaço!

Para George Lucas, um dos problemas em um filme no espaço sideral são as grandes distâncias. Uma das maneiras clássicas de lidar com esse problema é entrar no hiperespaço, ou uma realidade alternativa, onde você pode se locomover em alta velocidade para ir do ponto A ao ponto B sem levar uma eternidade. Esse é um dos fundamentos para o teletransporte em Star Trek. É uma forma cinemática de entrar e sair de planetas sem entrar num ônibus espacial. Nesse caso específico eu queria mostrar essa imagem:

“Como seria? Se locomovendo muito rápido, as estrelas passariam como num raio?”

hiperespaço é um elemento hipotético presente na ficção científica, utilizado como uma forma de viagem mais rápida que a luz. Uma região alternativa de espaço. Por isso o hiperespaço é um dos recursos usados por autores de ficção numa busca para dar maior verossimilhança a suas obras.

Em Star Wars, a passagem pelo hiperespaço serve basicamente para ir do ponto A ao ponto B rapidamente, através de um salto á velocidade da luz. Em viagens cuja a distância se enquadram em anos luz, as distâncias entre os astros são gigantescas, então, para se medir as imensas dimensões do universo é necessário a aplicação de uma unidade de medida especial: o ano-luz.

A luz viaja extremamente rápida para os padrões terrestres. Mas a de algumas estrelas leva-se anos para chegar até nós, por isso as distâncias entre as estrelas são medidas pela unidade chamada ano-luz. Portanto, um ano-luz é a distância que a luz pode viajar em um ano. Por exemplo, em um ano-luz, a distância percorrida seria de aproximadamente 9.460.800.000.000 (nove trilhões, quatrocentos e sessenta bilhões e oitocentos milhões) de quilômetros.

A minha inspiração original para o filme [Star Wars] era o uso de temas mitológicos para criar um novo tipo de mito, atualizado e contemporâneo. Então usei o seriado de matinê de sábado (aguarde artigo sobre) como recipiente para reunir essa variedade de temas mitológicos. Em termos de filmes de fantasia e tudo o mais, eu não aguento quando você fica parado, explicando como ou porquê o teletransportador funciona. Não é o que importa no filme.

Eu gosto de naves espaciais, mas não é na ciência, nos aliens e nessas coisas que eu foco. É em como ‘as pessoas reagem a essas coisas?’ E como elas se adaptam a isso? Isso é que realmente me fascina. Eu disse algumas vezes que Star Wars é uma ópera espacial, não uma ficção cientifica. É uma dessas novelas, mas no espaço.

A única foto conhecida de Gene Roddenberry encontrando George Lucas na Convenção de Star Wars do Creation Entertainment/Starlog, 10º aniversário. 
Foto de Dan Madsen.

Fantasia ou Aventura?

Rei Arthur e o mago Merlin, arquétipos clássicos de herói e seu mentor.

A maioria dos personagens são arquétipos mitológicos clássicos,” diz George Lucas nos comentários em áudio do filme. No caso de Star Wars, Obi-Wan Kenobi, por exemplo, se encaixa no padrão de tutor. O sábio cheio de lições de sabedoria que guiará o herói latente – Luke Skywalker – durante sua jornada a um mundo perigoso e desconhecido. Lucas complementa:

O problema de fazer um filme como Star Wars, é ter de criar um novo mundo, um novo universo. Todos os costumes, política, história, motivação dos personagens. Tudo precisa ser criado. E por se basear em arquétipos muito mais antigos e nada tecnológicos, o filme é bem mais Fantasia do que Ficção Científica.

Para o então diretor e dono da rentável marca comprada pela Disney em 2012, mesmo em meio a um mundo bizarro e deveras confuso como a galáxia de Star Wars, se os protagonistas tiverem emoções e motivações que o público assimila e identifica, fica fácil se orientar e entender o sentido do filme. Já que praticamente as histórias se repetem a muitos ciclos.

E as tais Midi-chlorians?

As Midi-chlorians, formas de vida inteligentes e microscópicas que vivem simbioticamente com todos os seres vivos em que residem e os permitem comunicar com a Força.

Foram apresentadas na trilogia prólogo (Episódios I a III), causando certa estranheza entre os fãs. “Afinal, porque George Lucas viu a necessidade de explicar a Força?!

Um conceito fundamentalmente místico, apresentado na trilogia clássica, anterior.

Outro usuário da Força que também falou dos aspectos “misticos” das tais formas de vidas microscópicas para Anakin Skywalker

As Midi-chlorians soavam muito mais como um conceito científico, já que foram baseadas nas Mitocôndrias – organelas que fornecem energia para as células. Como as midi-chlorians, acredita-se que as mitocôndrias eram organismos separados que viviam nas células vivas e desde então se tornaram parte delas; entretanto, elas às vezes agem como formas de vidas independentes, com DNA próprio.

As mitocôndrias, sua função é produzir a maior parte da energia das células, através do processo chamado de respiração celular.

As Midi-chlorians são seres de vidas microscópicas inteligentes que vivem no interior de suas células. Sem elas, a vida não poderia existir, e nós não teríamos conhecimento da Força. Elas continuamente conversam conosco, nos dizendo a vontade da Força. Quando você aprender a acalmar sua mente, escutará elas conversando com você.

Qui-Gon Jinn explicando um novo conceito a Anakin e a platéia confusa em Star Wars Episódio I – A Ameaça Fantasma – 1999.

Então, a Força é “a fonte que dá poder ao Jedi. O campo de energia criado por todos os seres vivos, que nos envolve e penetra. Que mantém a galáxia unida,” nas palavras de Obi-Wan Kenobi, em Uma Nova Esperança.

Talvez ainda seja um conceito místico/religioso mesmo acrescentando a vertente midi-chloriana, pois as famigeradas criaturas microbióticas nada mais são que um canal com o campo de energia criado pela vida, na galáxia muito, muito distante… ou não?

Outra vertente é a clonagem, conceito muito visto em filmes Sci-Fi, também está presente desde o primeiro filme da saga em 1977, quando Ben Kenobi fala de uma tal “Guerras clônicas”.

Segundo a Wikipédia, Clonagem humana é a cópia geneticamente idêntica de um ser humano. O termo é empregado para se referir à clonagem humana geneticamente artificial, sendo que ele não é empregado para se referir ao nascimento de gêmeos idênticos, cultura de tecidos ou a cultura de células humanas.

E a Space Opera?

As space operas surgiram na década de 1930 e continuam sendo produzidas em literatura, cinema, quadrinhos, televisão e videogames.

Aventura de ficção científica em larga escala, colorida, dramática, competente e às vezes belamente escrita, geralmente focada em um personagem central heroico e simpático, em um cenário relativamente distante, no espaço ou em outros mundos, caracteristicamente otimista em tom. Muitas vezes lida com guerra, pirataria, virtudes militares e ações de grande escala, grandes apostas.

Assim David G. Hartwell e Kathryn Cramer, críticos e autores de ficção científica, definiram a Space Opera – ópera espacial ou novela espacial. Referida como um sub-gênero da ficção científica que enfatiza a aventura melodramática, as batalhas interplanetárias, romances repletos de
honradez e toda uma ação que se passa virtualmente no espaço sideral.

A palavra nada tem a ver com a ópera, como música, mas vem de um trocadilho juntando os termos  “soap opera” e “horse opera” este veio dos filmes de faroeste marcados por clichês e estereótipos da década de 1930.

Flash Gordon, uma das maiores, se não a maior, influência para Star Wars. Na verdade, antes de conceber sua maior criação, George Lucas, no início da década de 1970, pretendia fazer um filme de Flash Gordon.

Geralmente são obras abertas que se passam em uma série de livros, seriados de TV ou filmes. Mostrando interações entre humanos, criaturas e aliens de diversos lugares do cosmo. Em seus primórdios a Space Opera, era visto como uma tipo de literatura menor. Taxada como pejorativa, dada a sua falta de profundidade e sua carapuça de entretenimento para as massas. Não era considerado Ficção Científica por outros autores, mas hoje em dia, tal preconceito meio que foi jogado por terra… ou pelo vácuo.

Guardiões da Galáxia da toda poderosa Marvel Studio, é sim uma Space Opera

Outras obras de Space Opera moderna vistas em cinema e TV:

Terror no espaço ou ficção científica?
Serenity – A Luta Pelo Amanhã, um filme escrito e realizado por Joss Whedon (Os Vingadores, 2012) retoma a série televisiva Firefly, da Fox, que havia sido cancelada.

Então Star Wars seria uma Ficção Científica, Space Opera ou uma mera Aventura de Fantasia que se passa no espaço?

FONTES:

Comentários em áudio do diretor George Lucas do DVD – Star Wars Episódio IV Uma nova Esperança. 2006.

  • Companhia produtora: Twentieth Century Fox
  • Marca: FOX FILME BRASIL.

https://www.significados.com.br/

https://memory-alpha.fandom.com/pt/wiki/P%C3%A1gina_principal

DVD – O PODER DO MITO. A JORNADA DO HERÓI – Joseph Campbell.

Companhia produtora: Logon

Elenco: Joseph Campbell, George Lucas, Bill Moyers
Ano / País de Origem: 1988 / EUA.

Quer saber mais sobre Ficção Científica? Recomendo o artigo do site maxiverso.com.br que explana detalhadamente esse gênero fantástico: Star Wars é Ficção Científica – parte II – Analisando a saga de forma criteriosa.

Em agradecimento também cito o site Sociedade Jedi.

E pra quem quiser saber mais sobre as Midi-chlorians, recomendo esse artigo: Afinal, o que são as midi-chlorians?

Que a Força esteja com você, sempre. Principalmente ao deixar um comentário.