Trolls russos fizeram maioria dos ataques a Os Últimos Jedi, diz estudo

Mais da metade dos ataques a “Star Wars: os últimos Jedi”, lançado em dezembro, veio de robôs ou trolls com motivações políticas, de acordo com um estudo acadêmico divulgado nesta terça-feira nos Estados Unidos.

Morten Bay, pesquisador da Universidade do Sul da Califórnia (USC), analisou atividades dentro do Twitter e concluiu que mais de 50% das publicações sobre o filme eram de “robôs, trolls ou ativistas políticos se aproveitando do debate para propagar mensagens políticas de apoio a causas da extrema-direita e da discriminação de gênero, raça ou sexualidade”.

Ainda segundo ele, vários desses usuários são da Rússia.

A suposta hostilidade entre fãs contra o oitavo capítulo da saga “Star Wars” é um fenômeno famoso na internet. A protagonista Daisy Ridley, que interpreta Rey, e a atriz Kelly Marie Tran (Rose) deixaram o Instagram após receberem uma enxurrada de xingamentos. O ator John Boyega (Finn), que é negro, precisou defender a obra de pessoas que a acusavam de ser “propaganda antibranca para promover o genocídio branco”. Esses usuários se organizaram num nível tão intenso que fizeram a nota de “Os últimos Jedi” cair em sites como IMDb e Rotten Tomatoes.

No entanto, a pesquisa divulgada nesta terça indica que a campanha de ódio não só representa uma minoria de pessoas na internet, como também obedece a um propósito político bem mais amplo.

“O estudo encontrou evidências de ataques políticos organizados e deliberados disfarçados de argumentos de fãs”, escreveu Bay, segundo o jornal “The Guardian”. “O objetivo desses ataques, provavelmente, era intensificar a cobertura da imprensa sobre o conflito entre os fãs e, assim, alimentar a narrativa de discórdia que existe na sociedade americana.”

Durante sete meses, Bay analisou quase mil perfis com publicações direcionadas a Rian Johnson, o diretor de “Os últimos Jedi”. Ele descobriu que 21,9% delas — ou seja, menos de um quarto da amostra — expressaram opiniões negativas sobre o longa.

Após desconsiderar os robôs ou trolls, os quais Bay descreve como “pessoas com claras motivações políticas”, a porcentagem caiu para 10,5%. Dessa forma, o pesquisador concluiu que a hostilidade contra o filme era bem menor do que o relatado até agora.

Nesta terça, o próprio cineasta replicou o estudo , escrevendo:

O que o título ( do estudo ) diz é consistente com a minha experiência online. Para ser claro, nada disso tem a ver com fãs gostando ou não do filme. Já tive inúmeras conversa com fãs ótimos, na internet e na vida real, que gostaram ou desgostaram do resultado. O que estamos falando é de uma linha virulenta de assédio virtual.

Fonte: O Globo